Bases do Materialismo Histórico Dialético e sugestão de exercício
Na semana passada o grupo que ocupa o governo brasileiro anunciou que seus planos são permitir a jornada de 12 horas de trabalho sem hora extra e a "flexibilização" dos contratos de trabalho. Empresas de comércio de informação divulgaram que assim se criarão mais empregos. Minha sugestão é que pensem sobre como uma intervenção crítica é possível a partir de alguns fundamentos que estamos estudando. Aqui vai uma resenha do conteúdo que liga a última aula às da semana de 12 de setembro:
Os principais temas para desenho
do materialismo histórico e dialético que Marx abordou foram:
1o. A concepção de
“autocriação” progressiva do homem. A idéia de movimento dos entes naturais e
dos seres do reino animal é transposta para a história. Marx está, como vimos,
influenciado pela idéia original de Hegel. Só que seu antecessor não pretendeu
aplica-la à história. Como diz o próprio Marx nos Manuscritos
Econômico-Filosóficos de 1844 : “ A
totalidade daquilo a que damos o nome de história universal não é senão a
história da criação do homem pelo trabalho humano...”. O Materialismo de Marx não vê o homem em sua
essência a-histórica, mas pelo sentido e pelos definidores de sua permanente
mudança.
2o. O conceito de
alienação. Nas obras mais tardias, Marx
prefere não usar este termo para não ser confundido com os filósofos que
falaram de uma alienação em relação à tal essência imanente da humanidade. Queria marcar uma diferença entre o
materialismo e a filosofia abstrata. No
próprio manifesto se lê que Marx acusa de “disparates filosóficos” as afirmações dos tais filósofos que falam a
respeito de uma “alienação da essência humana”. O problema não é a essência como
conceito, mas ser esta tomada como faculdade exterior à mudança. Ou seja, o que
seu velho e rabugento professor chamou nas primeiras aulas de “natureza humana
mutável historicamente”. O que faz do
homem o homo sociologicus é seu caráter artificioso, sua capacidade de
criar ficções institucionais, convenções abstratas que ordenam a vida coletiva.
Religião, moral, Estado, mercado,
sexualidade, subjetividade, indivíduo e família são exemplos. Não quer dizer
que não existam formas menos concretas que manifestações do mundo físico, mas
que historicamente ocupam seu espaço condicionados por certas circunstâncias
materiais. Em outras e resumidas palavras: alienação é um fenômeno histórico e
não um fenômeno em relação a algum suposto essencialismo. Tentem pensar assim:
“essência”, “natureza” e “imanência” estão contidos em Idealismo. “Movimento”, “transformação”, “contradição” e
“conflito” em Materialismo Histórico.
3o. A base da teoria do Estado e da sua superação
numa sociedade futura. Marx criticou a filosofia do estado de Hegel, mesmo
tendo uma idéia vaga da ordem social que viria depois do capitalismo. No entanto, a tese de que a abolição do Estado (como instância que
detêm o monopólio juridicamente legítimo da força) pode ser realizada através
da eliminação da esfera independente do “político” manteve-se como uma das suas
idéias motrizes no período que se convencionou chamar de sua “maturidade”. Ou,
seja depois que escreve “O Capital”. Em
outras palavras: a esfera política é específica como objeto de estudo mas não é
independente das mesmas relações materiais que determinam outras
artificialidades e convenções sociais radicadas na vida material. Para desespero e rancor dos cientistas
políticos enciumados.
4o. Os principais
rudimentos do materialismo como perspectiva de análise social. Sua proposta não
é substituir a antiga filosofia por uma
nova. Ele repudia a filosofia _ de onde se formou_ e adota um ponto de vista
social e histórico. Nasce aí o meu prazeroso ganha-pão. Como sustentou desde os
tais “Manuscritos econômico-Filosóficos” de 1844, o capitalismo tem raízes numa
determinada forma de sociedade, cuja principal característica estrutural é a
relação de classe dicotômica entre capital e trabalho assalariado.
5o. Uma concepção
básica da teoria da práxis revolucionária. Marx quer substituir a tal
“consciência de si mesmo” da errônea noção de homem abstrato. Não há homem ou
natureza em geral. E as mudanças
sociais só podem existir através da união da teoria e da prática. Da
junção entre compreensão teórica do mundo e noção de que todo conhecimento
serve á intervenção política.
As noções fundamentais, em torno
das quais se encaixa o resto da teoria: Divisão do trabalho; formas históricas
de manifestação a propriedade e conflito capital X trabalho.
Referência: GIDDENS, Anthony, Capitalismo e Moderna Teoria Social
Bonus track outra homenagem à modernidade: Rolling Stones: "Solidariedade pelo diabo" / "Sympathy for the devil"
"Por gentileza, permita que eu me apresente
Sou um homem de riqueza e requinte
Estou por aí faz um bom tempo
Roubei as almas e a fé de muita gente
(...) Prazer em Conhecer
Espero que adivinhem meu nome
Mas o que pode te confundir
É a natureza do meu jogo"
É a natureza do meu jogo"
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